sábado, 6 de fevereiro de 2021

Palha D'aço é a banda Açoriana em destaque desta edição

 


Em que ano teve origem a banda?


Os Palha d’Aço começaram em Abril de 1997. Aliás, até fizemos uma música intitulada “Abril 97”, que consta no nosso primeiro álbum, porque gostamos de realçar a nossa longevidade, num meio cão, onde poucos projectos duram com o mesmo line-up muito tempo. Na altura começamos por ser uma banda de punk com letras algo cómicas. Nesta altura somos claramente um projecto de rock de intervenção, com influências thrash, hardcore, prog e punk, e isso é evidente nos dois últimos álbuns: Sobreviver e Juízo de Valor.


Como está o mercado açoriano para banda de originais?


Considero que as bandas de originais estão a passar por uma crise. Cada vez mais vemos menos músicos nas gerações mais jovens e muitos dos mais veteranos acabaram por se “converter” às bandas de covers, porque isso lhes faculta mais oportunidades de tocar ao vivo e fazer algum rendimento extra. Apesar disso, penso que é da responsabilidade de nós, Pais, incutir o “bom gosto” musical e a capacidade de apreciar uma música ou banda, independentemente de ser o estilo musical predilecto. Por exemplo, podemos ser rockeiros ou metaleiros por natureza, mas há que respeitar a qualidade de inúmeros outros estilos como o Jazz, Blues, Música Clássica, etc. Do mesmo modo, há estilos musicais que são extremamente fracos a nível técnico, de pouca ou nenhuma originalidade, e de fraca e fútil mensagem transmitida. Alguns destes horríveis estilos musicais estão na moda agora. É a nossa responsabilidade ensinar os nossos filhos a apreciar boa música, porque a música é uma das fundações da vida. Uma boa música transmite uma mensagem, exibe talento, e tudo o que mais vai na alma do seu compositor, perdurando assim no tempo. Uma boa música faz-nos sentir bem e queremos sempre voltar a ouvi-la. Por outro lado, uma má música que chega aos tops mundiais é apenas algo temporário, fruto do capitalismo, é, enfim, uma moda que eventualmente desaparece sem que ninguém sinta a sua falta.


O que falta nos Açores para as bandas da Região terem mais visibilidade externo?


Acho que somos maus no marketing. Para se fazer bom marketing duma banda é preciso haver tempo para dedicarmos a uma estratégia global, mas principalmente digital. É essencial haver apoio constante dos fãs, o que nem sempre é possível, sendo que hoje em dia as partilhas e os gostos no Facebook e Instagram são indispensáveis. Para além disso é sempre bom ter algum dinheiro para investir no marketing, tanto para anúncios como para a elaboração de produtos da banda (t-shirts, cds, etc). Também é essencial haver conhecimentos em bares, festivais ou meios de comunicação. Isto tudo requer muito tempo, paciência e insistência... E algum dinheiro, o que é difícil para uma banda underground. Mas não hajam dúvidas: há enormes bandas no underground, muitas das quais muito melhores que bandas mainstream. 


Em que palcos a banda tocou durante o seu percurso?

Tocamos essencialmente na Ilha Terceira, donde somos. Já tocámos em Lisboa e estamos a trabalhar para lá voltar, sem esquecer outros lugares que tenham interesse na nossa actuação, São Miguel, inclusive!


Sentem que o nosso público apoia o ''produto regional''? 


Pouco. Como referi anteriormente, o apoio dos fãs tem que ser constante para a divulgação abranger um grande grupo de pessoas. Ora se o número de apoiantes no underground já é baixo, ainda menos apoiam constantemente uma qualquer banda. Há que sempre que fazer um caminho inverso, ou seja, começar pela divulgação no continente e exterior em geral, sendo que a partir de bons resultados nessa estratégia, o pessoal regional tende a ir atrás. Poderia referir inúmeros casos de artistas açoreanos que precisaram de se notar a nível nacional para só então serem mais reconhecidos regionalmente. Infelizmente o nosso público tem este problema (alguma ignorância ou arrogância, diria) de pensar que tudo que vem de fora é melhor. Seja como for, o que aconselho a qualquer banda é que façam música original por gosto e por amor à camisola. Valorizem as amizades dentro da banda. O reconhecimento virá naturalmente, mas não poderá  nunca ser o combustível para uma saudável evolução de um projecto musical, justamente porque não é constante, nem fiável.



Formação: 1997

Origem: Angra do Heroísmo Ilha Terceira, Açores)
Estilo: punk/rock/thrash

Elementos:
Sílvio Avelar "Vially" (voz)
Freddy Duarte (guitarra)
Vítor Hugo (baixo)
Bruno Pereira (bateria)

Discografia:
- «Palha D'Aço» (demo - 1998)
- «Desconcertante» (álbum - 2014 - Anoise Records)
- «Sobreviver» (álbum - 30.04.2016 - Anoise Records)
- «Juízo de Valor» (álbum - 04.07.2020 - edição de autor)




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